terça-feira, 13 de novembro de 2007

Visita/pesquisa à comunidade de castainho

Os alunos do Centro de Ensino Experimental de Garanhuns visitam a comunidade de castainho.
Alunos entrevistando e conhecendo crianças da comunidade de CastainhoEntrevista com moradora da comunidade
Dona Noemia líder comunitária de Castainho
Recepção com bolo de mandioca
Professora perpétua matando a saudade
A entrevista foi saborosa e alegre. Dona Noemia deixou a todos muitas lições e um exemplo de caráter firme e valores definidos.
A família de Dona Noemia, em fotografias, contando a história de Castainho




A religiosidade declarada nas paredes e altares





Crianças que saiam da escola municipal Virgília Garcia Bessa

Alunos do CEEG em pesquisa
Professora perpétua com filhos de uma ex-aluna sua
Professora perpétua conversando com crianças que brincavam de balanço
Menina brincando em árvores


Alunos em pesquisa
Casa de farinha familiar
Enquanto trabalham as mulheres cozinham na casa de farinha. Fogão de lenha
Mulher trabalhando. farinha no forno

Mulher raspando mandioca
Aluna em pesquisa

Alunas fazendo entrevista


Jovem de Castainho trabalhando

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Curso Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa:uma introdução histórica

O curso Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa:uma introdução histórica foi ministrado pelo Prof.Dr. Valdemir Zamaparoni nos dias 05,06 e 07/11/2007 da Faculdade de Formação de Professores de Garanhuns. No encerramento do curso Professor Valdemir lançou dois livros.
Professor Valdemir Zamaparoni e Professora Perpétua

Com a professora Francisca Núbia da FFPG
Com as professoras Perpétua Teles e Maria Soares(CEEG)

Literatura Africana de países de Língua Portuguesa

Professora Tânia Macedo ladeada pelas professoras Perpétua Teles e Maria Soares

O curso Literaturas africanas de Língua Portuguesa:textos e contextos ministrado pela Profª Drª Tânia Macedo(USP), oferecido pela Universidade de Pernambuco-Campus Garanhuns/Faculdade de Formação de professores de Garanhuns(FFPG) proporcionou um relevante acréscimo à formação dos professores da rede pública estadual e da FFPG que dele participaram . O curso foi ministrado nos dias 08 e 09/11/2007 e desenvolveu-se a partir de uma ementa justificada pela lei 10.369 de 10 de janeiro de 2003, com os seguintes conteúdos:


  • A luta de libertação e o surgimento de uma literatura nacional: conflitos e superações;


  • A presença da Literatura brasileira na formação das literaturas africanas de língua portuguesa;


  • A literatura contemporânea dos países africanos de língua portuguesa:principais autores e obras.

    A professora Tânia é autora de vários livros dos quais apresentamos três com as resenhas disponibilizadas pelas editoras abaixo identificadas por seus endereços eletrônicos:

    Literaturas africanas de língua portuguesa
    O universo extraordinário da cultura literária africana



Disponível em: http://www.alamedaeditorial.com.br/marcas-da-diferenca




A reflexão sobre as obras literárias produzidas em língua portuguesa nos países africanos, com grande destaque para o lugar que a literatura ocupa na constituição de sua vida nacional, tem recebido atenção por um número cada vez mais expressivo de estudiosos brasileiros ao longo das últimas décadas. Consagrado depois do II Encontro de Professores de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, realizado na Universidade de São Paulo, Marcas da diferença apresenta uma elaborada discussão sobre esse universo extraordinário de questões que as culturas africanas nos trazem.



Neste livro estão reunidos textos que, assinados por muitos dos mais prestigiados estudiosos da matéria, põem em relevo características essenciais da produção de escritores africanos e trazem à discussão problemas relevantes para a compreensão da natureza e da dinâmica das relações culturais que, ao longo dos séculos, se estabeleceram entre o continente africano e o nosso país.

Apresentadas e debatidas na cadeia da oralidade, as propostas do encontro ganham agora a forma da escrita, abrindo-se, sem dúvida, a novas e bem-vindas discussões. Marcas da diferença busca revelar ao leitor a diversidade do fazer literário dos países africanos de língua portuguesa que, felizmente, vem conquistando um espaço cada vez mais expressivo entre nós.


Sobre as autoras:
Rita Chaves é doutora em Letras pela USP, professora de coordenadora de literaturas africanas de língua portuguesa na mesma universidade. É pesquisadora associada do Centro de Estudos Afro-Asiáticos da Universidade Cândido Mendes. Publicou A formação do romance angolano e Angola e Moçambique: experiência colonial e territórios literários. É co-organizadora de Portanto… Pepetela; Literaturas em movimento: hibridismo cultural e exercício crítico; Brasil/África: como se o mar fosse mentira e de Boaventura Cardoso: a escrita em processo.
  • Tânia Macedo é livre-docente em Letras pela Unesp, é professora nos cursos de graduação e pós-graduação na Universidade de São Paulo. Publicou Angola/Brasil: estudos comparados e Luanda, literatura e cidade. É também co-organizadora de Portanto… Pepetela; Literaturas em movimento: hibridismo cultural e exercício crítico; Brasil/África: como se o mar fosse mentira e de Boaventura Cardoso: a escrita em processo



  • Angola e Brasil” é uma coletânea de estudos comparados que mostra o que existe de Angola em Brasil e de Brasil em Angola, quando o assunto é literatura. Autores como Luandino Vieira, Uanhenga Xito e Mia Couto (de Angola), João Antonio e Guimarães Rosa (Brasil), entre outros, que têm escritos fortemente vinculados à terra natal, são analisados de modo instigante para leitores de todos as fronteiras.

http://www.planetanews.com/produto/L/39951/angola-e-brasil--estudos-comparados-tania-macedo.html



Boaventura Cardoso, a escrita de Angola

http://www.alamedaeditorial.com.br/boaventura-cardoso-a-escrita-em-proc


Um livro,ainda que não se destine a contar uma estória, tem sua trajetória sempre povoada por fatos que acabam por intervir na sua elaboração e na fisionomia que ele apresenta. Este Boaventura Cardoso, a escrita em processo também traz acoplado a suas páginas um conjunto de experiências que, envolvendo o escritor, os colaboradores, os editores e as organizadoras, exprime um pouco a atmosfera que cerca não a produção específica do livro, mas, de certo modo, todo o universo das Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, com foco especial no ensino e na pesquisa que em torno delas vai conquistando cada vez mais adeptos. Até o momento são poucas as editoras dispostas a apostar em obras voltadas para a História e o patrimônio cultural acumulado pelos países africanos, apesar dos sinais de mudança que já podemos detectar em nosso quadro geral.

Boaventura Cardoso é um dos escritores angolanos mais lidos na atualidade, sendo a sua obra traduzida em várias línguas. Juntamente com a de Pepetela e a de José Luandino Vieira, a sua produção vem sendo muito estudada pelos pesquisadores brasileiros. A importância de seu lugar no universo literário de língua portuguesa, no entanto, contrasta com a carência de material bibliográfico sobre sua produção, fato que tem proporcionado enormes dificuldades aos que o elegem para objeto de estudo. Em suma, a descoberta de sua narrativa por tantos leitores não se fez acompanhar da sistematização de trabalhos críticos a seu respeito, e isso significa que não há ainda uma bibliografia reunida e publicada em livro que possa apresentar de forma mais completa a sua produção artística, o que poderia auxiliar os estudiosos de sua obra e multiplicar o seu número de leitores.

Nesse sentido, tivemos em conta na preparação do livro a necessidade de despertar entre aqueles que têm seus primeiros contatos com o universo africano um interesse vivo por sua literatura. Acreditamos que Angola com seus escritores pode ser uma bela porta de entrada para o continente, pois, para além da afinidade lingüística, são fortíssimas as ligações que atravessaram séculos impondo sinais inequívocos em nosso modo de ser. Retomar em outros parâmetros os circuitos das viagens entre as duas margens do Oceano Atlântico é urgente e a literatura pode integrar esse movimento.




Durante o curso a professora Tânia Macedo apresentou vários escritores africanos de países de língua portuguesa e algumas de suas obras. Numa declaração de encantamento, descobertas e honra socializo, aqui alguns escritores com exemplos de seus trabalhos.

José João Craveirinha(*1922, lourenço Marques-+2002 Joanesburgo) - Funcionário público, atleta e crônista desportivo, jornalista. Ativista político preso pela PIDE. Após a independência exerce cargos diretivos e de representação de Moçambique como vice administrador da Imprensa Nacional.. Poeta. Contista. Obras publicadas: Xigubo(1964); Conto a um dio de catrame(1966); Karingana Ua Karingana(1974); Cela I(1980);Maria(1988);Harmina e outros contos(1997); Bobalaze da hienas(1997); Contacto e outras crônicas; Obra poetica I(1999); Poemas eróticos(2005)

Autobiografia

“Nasci a primeira vez em 28 de Maio de 1922. Isto num domingo. Chamaram-me Sontinho, diminutivo de Sonto. Isto por parte da minha mãe, claro. Por parte do meu pai, fiquei José. Aonde? Na Av. Do Zihlahla, entre o Alto Maé e como quem vai para o Xipamanine. Bairros de quem? Bairros de pobres.
“Nasci a segunda vez quando me fizeram descobrir que era mulato.
“A seguir, fui nascendo à medida das circunstâncias impostas pelos outros. Quando o meu pai foi de vez, tive outro pai: seu irmão.
“E a partir de cada nascimento, eu tinha a felicidade de ver um problema a menos e um dilema a mais. Por isso, muito cedo, a terrra natal em termos de Pátria e de opção. Quando a minha mãe foi de vez, outra mãe: Moçambique.
A opção por causa do meu pai branco e da minha mãe preta.
Nasci ainda outra vez no jornal "O Brado Africano”. No mesmo em que também nasceram Rui de Noronha e Noémia de Sousa.
Muito desporto marcou-me o corpo e o espírito. Esforço, competição, vitória e derrota, sacrifício até à exaustão. Temperado por tudo isso.
Talvez por causa do meu pai, mais agnóstico do que ateu. Talvez por causa do meu pai, encontrando no Amor a sublimação de tudo. Mesmo da Pátria. Ou antes: principalmente da Pátria. Por parte de minha mãe, só resignação.
Uma luta incessante comigo próprio. Autodidata.
Minha grande aventura: ser pai. Depois, eu casado. Mas casado quando quis. E como quis.
Escrever poemas, o meu refúgio, o meu País também. Uma necessidade angustiosa e urgente de ser cidadão desse País, muitas vezes, altas horas a noite.Autobiografia
“Nasci a primeira vez em 28 de Maio de 1922. Isto num domingo. Chamaram-me Sontinho, diminutivo de Sonto. Isto por parte da minha mãe, claro. Por parte do meu pai, fiquei José. Aonde? Na Av. Do Zihlahla, entre o Alto Maé e como quem vai para o Xipamanine. Bairros de quem? Bairros de pobres.
“Nasci a segunda vez quando me fizeram descobrir que era mulato.
“A seguir, fui nascendo à medida das circunstâncias impostas pelos outros. Quando o meu pai foi de vez, tive outro pai: seu irmão.
“E a partir de cada nascimento, eu tinha a felicidade de ver um problema a menos e um dilema a mais. Por isso, muito cedo, a terrra natal em termos de Pátria e de opção. Quando a minha mãe foi de vez, outra mãe: Moçambique.
A opção por causa do meu pai branco e da minha mãe preta.
Nasci ainda outra vez no jornal "O Brado Africano”. No mesmo em que também nasceram Rui de Noronha e Noémia de Sousa.
Muito desporto marcou-me o corpo e o espírito. Esforço, competição, vitória e derrota, sacrifício até à exaustão. Temperado por tudo isso.
Talvez por causa do meu pai, mais agnóstico do que ateu. Talvez por causa do meu pai, encontrando no Amor a sublimação de tudo. Mesmo da Pátria. Ou antes: principalmente da Pátria. Por parte de minha mãe, só resignação.
Uma luta incessante comigo próprio. Autodidata.
Minha grande aventura: ser pai. Depois, eu casado. Mas casado quando quis. E como quis.
Escrever poemas, o meu refúgio, o meu País também. Uma necessidade angustiosa e urgente de ser cidadão desse País, muitas vezes, altas horas a noite.

Prémios

“Prémio Cidade de Lourenço Marques” 1959
“Prémio Reinaldo Ferreira” Centro de Arte e Cultura da Beira 1961
“Prémio de Ensaio” Centro de Arte e Cultura da Beira 1961
“Prémio Alexandre Dáskalos” Casa dos Estudantes do Império, Lisboa, Portugal 1962
“Prémio Nacional de Poesia de Itália” 1975
“Prémio Lotus” Ass. Escritores Afro-Asiáticos 1983
Medalha “Nachingwea” do governo de Moç. 1985
Medalha de Mérito, Secretaria de Estado da Cultura de S. Paulo, Brasil 1987

Prémios
“Prémio Cidade de Lourenço Marques” 1959
“Prémio Reinaldo Ferreira” Centro de Arte e Cultura da Beira 1961
“Prémio de Ensaio” Centro de Arte e Cultura da Beira 1961
“Prémio Alexandre Dáskalos” Casa dos Estudantes do Império, Lisboa, Portugal 1962
“Prémio Nacional de Poesia de Itália” 1975
“Prémio Lotus” Ass. Escritores Afro-Asiáticos 1983
Medalha “Nachingwea” do governo de Moç. 1985
Medalha de Mérito, Secretaria de Estado da Cultura de S. Paulo, Brasil 1987
Prémio Camões, 1991

OBRAS

Quero Ser Tambor

Tambor está velho de gritar
Oh velho Deus dos homens
deixa-me ser tambor
corpo e alma só tambor
só tambor gritando na noite quente dos trópicos.
Nem flor nascida no mato do desespero
Nem rio correndo para o mar do desespero
Nem zagaia temperada no lume vivo do desespero
Nem mesmo poesia forjada na dor rubra do desespero.
Nem nada!
Só tambor velho de gritar na lua cheia da minha terra
Só tambor de pele curtida ao sol da minha terra
Só tambor cavado nos troncos duros da minha terra.
Eu
Só tambor rebentando o silêncio amargo da Mafalala
Só tambor velho de sentar no batuque da minha terra
Só tambor perdido na escuridão da noite perdida.
Oh velho Deus dos homens
eu quero ser tambor
e nem rio
e nem flor
e nem zagaia por enquanto
e nem mesmo poesia.
Só tambor ecoando como a canção da força e da vida
Só tambor noite e dia
dia e noite só tambor
até à consumação da grande festa do batuque!
Oh velho Deus dos homens
deixa-me ser tambor
só tambor!
E eu?... Eu vi os tambores de uma poesia que quer ser transmissão, capaz de se fazer trânsito na luta pelo SER do homem e da mulher negra.

Grito Negro
Eu sou carvão!
E tu arrancas-me brutalmente do chão
e fazes-me tua mina, patrão.
Eu sou carvão! E tu acendes-me, patrão,
para te servir eternamente como força motriz
mas eternamente não, patrão.
Eu sou carvão
e tenho que arder sim;
queimar tudo com a força da minha combustão.
Eu sou carvão;
tenho que arder na exploração
arder até às cinzas da maldição
arder vivo como alcatrão, meu irmão,
até não ser mais a tua mina, patrão.
Eu sou carvão.
Tenho que arder
queimar tudo com o fogo da minha combustão.
Sim!
Eu sou o teu carvão, patrão.

Jucunda bocades
labiada a ferozes
júbilos de lâmina
afiada.
Alva dentadura
antónima do risoàs escâncaras desde a cilada.
Exotismo de povo flagelado
esse atroz formato
da fala.
(Babalaze das Hienas, 1997)

Fábula "Menino gordo comprou um balão e assoprou assoprou com força o balão amarelo. Menino gordo assoprou assoprou assoprou o balão inchou inchou e rebentou! Meninos magros apanharam os restos e fizeram balõezinhos."

"Cresce a semente lentamente debaixo da terra escura.
Cresce a semente enquanto a vida se curva no chicomo e o grande sol de África vem amadurecer tudo com o seu calor enorme de revelação.
Cresce a semente que a povoação plantou curvada e a estrada passa ao lado macadamizada quente e comprida e a semente germina lentamente no matope imperceptível como um caju em maturação.
E a vida curva as suas milhentas mãos geme e chora na sina de plantar nosso suor branco enquanto a estrada passa ao lado aberta e poeirenta até Gaza e mais além camionizada e comprida.
Depois de tanga e capulana a vida espera espiando no céu os agoiros que vão rebentar sobre as campinas de África a povoação toda junta no eucalipto grande nos corações a mamba da ansiedade.
Oh! Dia de colheita vai começar na terra ardente do algodão!"
Suam no trabalho as curvadas bestas
e não são bestas
são homens, Maria!
Corre-se a pontapés os cães na fome dos ossos
e não são cães
são seres humanos,
Maria!
Feras matam velhos, mulheres e crianças
e não são feras,
são homens
e os velhos, as mulheres e as crianças
são os nossos pais
nossas irmãs e nossos filhos,
Maria!
Crias morrem á míngua de pão
vermes na rua estendem a mão a caridade
e nem crias nem vermes são
mas aleijados meninos sem casa, Maria!
Do ódio e da guerra dos homens
das mães e das filhas violadas
das crianças mortas de anemia
e de todos os que apodrecem nos calabouços
cresce no mundo o girassol da esperança
Ah! Maria põe as mãos e reza.
Pelos homens todos
e negros de toda a parte
põe as mãos e reza,
Maria!

sábado, 3 de novembro de 2007

Centro de Pesquisa da UPE/FFPG em parceria com a GRE/AM oferece o curso de Introdução à cultura africana dos países de língua portuguesa


A Universidade de Pernambuco através da Unidade de Garanhuns- Faculdade de Formação de Professores de Garanhuns(UPE/FFPG)-em consonância com o Centro de pesquisas Identidades culturais: preservação e transitoriedade na cultura afro-brasileira - UPE, coordenado pela Professora Drª Silvana Núbia está realizando, em suas repartições, o Curso de Introdução à cultura africana dos países de língua portuguesa:uma Proposta de Formação Continuada para Professores do Agretse Meridional de Pernambuco.Destinado a professores da rede pública o curso conta com apoio e parceria da GRE/AM, financiamento da FACEPE(Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia no Estado de Pernambuco) e será realizado no período de 05 a 09 de novembro de 2007.Como consta na parte introdutora do folder, o Curso visa preencher as lacunas deixadas pelas Universidades que ainda não puderam capacitar os professores para que os estudantes tenham acesso a essas cultuta, o que julga-se ser de extrema importância para a formação intelectual dos educandos.A equipe responsável pela realização e organização é formada pelo Prof Pedro de Barros falcão(Diretor da FFPG, Pelo Prof Paulo LIns(Gerente Regional de Ensino-AM),pela Profª Drª Silvana Núbia Chagas(Coordenadora Geral), Pelo Profª Ms Ricardo José Lima Bezerra(Vice-Coordenador), pela Profª Tânia Macêdo - USP que abordará a temática:Literaturas Africanas de Língua Portuguesa:textos e contextos, pelo Profº Dr. Valdemir Zamparoni que abordará a temática:Países africanos de Língua oficial Portuguesa:uma introdução histórica e pelo designer Walber Breno de S. Moraes(Apoio técnico). Do Centro de Ensino Experimental de Garanhuns estão participando as professoras Maria Perpétua Teles e Maria Soares.

Dia Nacional da Consciência Negra

A consagração de novembro como mês da Consciência Negra reaviva a luta pela liberdade e resistência do povo negro no Brasil. Remete-nos ao passado escravista das Américas e de devastação das riquezas humanas, culturais, políticas e intelectuais do continente africano e a movimentação para conquista de direitos e cidadania. Neste ano, novembro se inicia impulsionado pela efervescência dos 35 anos de atuação do movimento negro em torno da imagem de Zumbi dos Palmares como herói nacional e da data de seu assassinato como um marco para a conscientização da identidade afro-brasileira. Em verdade, a luta pela liberdade e valorização dos saberes africanos se reporta aos mais de 500 anos da diáspora africana nas Américas. No entanto, a contemporaneidade fortaleceu essa reivindicação com símbolos nacionais que serviram de elementos para visibilizar a transformação almejada de uma sociedade sem racismo, discriminação e preconceito racial. Zumbi, ícone da falange palmarina, é uma figura viva na memória do povo brasileiro e reproduz os ideais de uma sociedade solidária e aguerrida em que homens, mulheres, negros, indígenas e brancos puderam desconstruir o sistema de estratificação social na República de Palmares contrapondo-se ao regime de escravidão. O ajuste de contas do Brasil Colônia com a população negra brasileira vem sendo dado pelo Estado brasileiro a passos lentos se comparado com a vigência do regime de escravidão e a ausência de políticas de inclusão no pós-abolição. Nem o nascedouro da República incorporou de fato a garantia de cidadania para africanos e seus descendentes. Pelo contrário, manteve os estigmas do escravismo e a negação da contribuição africana para a formação do Brasil e a presença do componente africano na sociedade. Por assim ser, temos extensa agenda de demandas que se referem à titulação de terras para comunidades remanescentes de quilombos, saúde, educação, trabalho e renda, acesso a bens e serviços. Ações essas que explicitam a urgente inversão do curso das políticas públicas em que a promoção da igualdade racial seja o norteador nas instâncias de formulação, decisão e execução. Ao ser constituída, a Secretaria Especial de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial assumiu o legado da luta de combate ao racismo e a superação das desigualdades étnico-raciais, desafios de inclusão inerentes à história republicana brasileira. Por meio desse órgão, o governo federal passou a tratar a temática racial no centro de sua estrutura, garantindo o trabalho integrado entre ministérios. Orientados pela Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial, dialogamos com estados e municípios em processos em que a participação popular e de gestores públicos tracem as linhas mestras para a definição e execução de políticas públicas de acordo com as realidades locais, a exemplo do acúmulo obtido na 1ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial cujo produto resultou no Plano Nacional de Promoção da Igualdade Racial. Dessa forma, propomos um novo projeto de nação para que haja a inclusão dos negros em diversos setores da sociedade, a exemplo do que ocorre no Programa Universidade para Todos, em que negros e indígenas são atendidos com bolsas integrais e parciais de estudo, na ampliação de universidades públicas com adesão ao sistema de reserva de vagas e na promulgação da Lei 10.639/03, que obriga o ensino da história e cultura africana e afro-brasileira no ensino fundamental e médio. Essa construção é alvo da sinergia para sua consolidação nos próximos quatros anos de governo. Embuído pela magnitude da marca de 35 anos do Dia Nacional da Consciência Negra, o governo federal, em conjunto com a sociedade civil engajada na luta anti-racismo, organizações negras, Organização das Nações Unidas, está organizando uma série de atividades para destaque de pontos elementares para a temática promoção da igualdade racial como a reflexão e debate acerca das políticas de ações afirmativas na educação e na saúde da população negra. Que neste fervoroso mês de novembro as aspirações palmarinas elevem as adesões do movimento anti-racismo e mantenham ativa a integração de forças para o combate ao racismo. Matilde Ribeiro é Secretária Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
 
Maria Perpétua Teles Monteiro